sábado, 21 de agosto de 2010

CAP. FRANCISCO ANTÔNIO CABRAL DE MELLO AZEDO




Continuando com as informações acerca da família Cabral de Mello com origem em Pernambuco, chegamos a Francisco Antônio Cabral de Mello Azedo, uma pessoa ímpar pelo seu modo de agir, sendo em certos casos até pitoresco, como bem tratou o grande Mauro Motta, seu bisneto, em diversas colunas redigidas no Diário de Pernambuco.


Como dito no texto do blog anterior, até o momento não encontramos outros filhos de João de Mello Azedo que possuísse o sobrenome Cabral de Mello, faltam identificar 11, mas realmente parece que apenas ele teve está combinação no sobrenome.


Nascido em Serra Verde/Paraíba, a 1º de janeiro 1824, falecendo no Recife, a 15/08/1899, estando sepultado na Matriz da Boa Vista (Recife/PE). Tendo este nome em homenagem a seu tio materno Francisco Antônio Cabral de Vasconcelos.


Senhor do engenho Tabocas (Seu Mello de Tabocas, como João Cabral o chamava e fez um verso que segue abaixo), entre outros, na Paraíba e em Pernambuco.


Seu Melo, do Engenho Tabocas


1.

Houve um Paudalho que já foi

E não se vê no que sobrou:

Então sobradões de azulejo

(ainda hoje ao sol) foram o sol


de muito engenho que em sua órbita

moía-se a todo o vapor

mandando mascavado e histórias

de engenho do sabido teor,


em que só um lado da história

como que consegue ter cor:

história sem cheiro ou mau cheiro,


por exemplo, os do suor.





2.


Histórias de engenho: de crimes


Que não o que a safra atrás;


A briga inigual com as usinas


(nesse então, Engenhos centrais);




histórias de engenho: de crimes


de escravo (unânime é o acordo);


de brigas de senhor de engenho.


de brigas entre irmãos, genro e sogro;




a de um cangaceiro acoitado


sob o fraque do promotor;


de leilões de escravos, do padre


que o filho menino leiloou.





3.


Histórias de engenho: as do próprio


Cabral de Melo das Tabocas:


mais conhecida, a do francês


que foi mascatear à sua porta.




Gabou-se de filha mais velha


que falava francês. Chamou-a:


e enquanto ela fala ao francês,


no francês de colégio ou prova,




da cara dela, fixamente,


nenhum momento ele descola:


matava o galego a pau, disse,


se do que dissesse ela cora.






4.


Paudalho então: o Tapacurá,


sua várzea, Poço, Cruz, Tabocas,


Engenho Velho e Engenho Novo,


e Tiúma, de ingleses, já polva;




por onde Seu Melo e sua boca,


melhor, Seu Melo e suas desbocas,


não se ousava mandar calar,


por alto que dissesse as coisas;




Paudalho, onde ele falava alto,


do alto do vozeirão, das botas


da boca Melo Azedo, mortal,


mais que as circunstantes pistolas.





Algumas curiosidades relatadas por seus descendentes, como o dito por sua bisneta Maria de Lourdes Cabral de Mello Fernandes:






  • Certa feita estava ele vindo do seu engenho em S. Lourenço da Mata ao Recife e no meio do caminho soube que tinha sido proclamada a República, voltou num galope só para o engenho e quando lá chegou o cavalo exaurido morreu;

  • Outra história curiosa dele é quando estava nervoso, dizia que iria embora por causa de seus problemas e uma velha empregada da Casa Grande sempre dizia: ”Aonde o cachorro vai que não leva suas pulgas...”.

Casou a 28/05/1849 com D. Ângela Felícia Lins de Albuquerque, nascida na Paraíba, a 1o de outubro de 1829, falecendo no Recife a 02/04/1922, filha do Major Diogo Soares de Albuquerque e da sua esposa D. Cândida Esméria Lins de Albuquerque.






Relação dos filhos de “Seu Mello de Tabocas”:






1. Cândida Cabral de Mello (*12/10/1850 – †21/06/1924);



2. Francisco de Assis Cabral de Mello (*1851 – †1873);



3. Thereza Cabral de Mello (*17/16/1853 – †02/12/1931);




4. João Cabral de Mello (*1854 – †1854), fato não conhecido, antes de João Cabral, teria tido outro que deve ter falecido ao nascer;




5. Dr. João Cabral De Mello (*no Recife, a 22/05/1856 – †15/06/1912);



6. Maria da Conceição Cabral de Mello (*20/11/1857 – †08/08/1923);



7. Dr. Manoel Cabral de Mello (*06/04/1859);




8. Júlia Cabral de Mello (*1860 – †1876);




9. Ângela Cabral de Mello (*20/01/1862 – † em decorrência do parto, em 1892);




10. Isabel Cabral de Mello Burity (tia Bela) (*02/02/1863 – †1956);




11. Anna Cabral de Mello (†1864);




12. Emília Cabral de Mello (*17/08/1866 – †1942);




13. Dr. Diogo Soares Cabral de Mello (*no Engenho Tabocas, Nossa Senhora da Luz, PE, a 23/12/1867 – † no Rio de Janeiro, a 30/10/1917);




14. Maria de Jesus Cabral de Mello (*15/05/1869 – † 18/04/1919);




15. Francisca Emília Cabral de Mello (*04/10/1870 – †1957).



Este é o Seu Mello de Tabocas...

 


ACM

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